24.2.08

as baladas

sempre fico receoso por não sair em final de semana! é como se eu perdesse algo, uma noitada, uma festa, um encontro inesperado. acho que já tenho maturidade suficiente para saber que a noite é somente uma ilusão. sobretudo a noite gay. se vai à festas específicas, geralmente, lugares "próprios" para gays. não que não hajam gays em outros lugares, mas é evidente que a paquera e a liberdade que se tem num local glbtt é bem maior! salvo raras exeções. aqui na cidade temos dois tipos de casas noturnas (como em quase todas as cidades) uma destinada a um público de elevado poder aquisitivo, frequentada por gays padronizados, com calças gucci, camisetas lacoste, gel no cabelo e visual fashionista. outra mais popular, com a presença mais evidente de michês, transgêneros e figurinhas tidas como "decadentes". eu sou um dos poucos que frequênto abertamente os dois lugares e até sofro retalhações, de ambos os lados. mas hoje fiquei em casa, amanhã sairei, será que estou perdendo algo?
por fim saí. uma amigo meu chegou da serra e, embora hetero, quando vem a pelotas faz questão de sair comigo! dancei, ri, bebi moderadamente e cheguei em casa com o dia amanhecendo!

23.2.08

inicializando

em busca de um espaço de liberdade para escrever! para falar das coisas que o quotidiano me leva a guardar, ou a compartilhar com poucos escolhidos, cá estou.
não se trata de um canto às escondidas, pelo contrário, é uma brecha de luz. luz para revelar o que é a vida de alguém como eu, jovem, independente, gay. para poder falar sem receios das coisas que me fazem sentir, amar, chorar e irar. bem vindos!

para começar...
desde que me lembro, sou gay. ainda criança causava constragimento aos meus pais pelos trejeitos afeminados e pela insistência em brincar com as barbies da minha irmã mais nova. mas isso foi endurecendo... as chacotas e as correções da familia me fizeram de postura firme, de voz grossa, de jeito másculo. hoje, pouco sobrou daqueles trejeitos infantis. lamento que não tive a liberdade de seguir minha expressão sexual desde minha infância, certamente seria outra pessoa, talvez melhor. ainda assim eu me edifiquei, sobre aqueles entulhos que caiam da minha própria realidade. fiz-me forte, fiz-me grande e ameaçador. fiz-me inabalável, autosuficiente, convicto, certo de tudo. e gosto do que eu fiz! hoje sou um jovem sincero, que ama os seus amigos, intensamente. que chora e que ri por bobagens. que adora os livros e os lê, que não quer apegar-se às coisas, das quais tão logo deixamos de usar. sim, eu tenho amigos, e eles são para mim, a verdadeira família, porque eu os escolhi, porque me cativaram. são poucos, mas os quero para sempre. para um gay, os amios acabam sendo um bem muito precioso, quando a familia te abandona, ou te aceita, mas com os ares reservados que quase toda família tem. não sou um cara família. não gosto de almoços de domingo ou de reuniões parentais. sou uma ovelha negra, e aceito esse cargo, reinvindico-o para mim, sem pudores!