22.3.08

feromônios

de alguns anos para cá tenho notado uma dificuldade extrema em atrair gente. sempre fui um cara do tipo pop. daqueles que estão sempre cheios de amigos e amores, de casos e cachos. mas depois dos 25 anos, até hoje, quando tenho 29, parece-me que gradualmente fui perdendo a capacidade de excretar feromônios. não tenho melancolia por isso, apenas me surpreende a minha crescente inaptabilidade com os outros. hoje em dia é um esforço atrair a atenção de alguém, como não era outrora. pode ser a juventude, pode ser a aparência, pode ser o status quo! mas ainda me parece que são os feromônios...

21.3.08

viagem

as drogas! sem apologias!
as drogas, segundo foucault, são um alívio a exagerada racionalidade quotidiana! dizia ele que novas drogas deveriam ser inventadas, pelo estado, pelo poder público, a fim de tornar a vida dos cidadãos mais felizes. lembro-me da soma, droga do admirável mundo novo. uma parcela diária e felicidade garantida! temos muitas drogas: alucinóginas, entorpecentes, anfitamistas, relaxantes musculares, yoga, internet, comida, família aos domingos, religião, fofoca, cigarros e álcool. escolha a sua! e seja feliz...
eu mantenho-me lúcido, ao preço da não felicidade!

18.3.08

famílias

as famílias felizes parecem-se todas; as famílias infelizes são infelizes cada uma à sua maneira.
leon tolstoi
tem muito guei que sonha em ter família! aos moldes patriarcais! os esposos, os filhos, netos e bisnetos, o cachorro, a cerquinha branca diante do gramado. os jantares de sexta, os almoços de domingo! a casa da cidade e a casa da praia, aquela tv bem grande na sala, e os quartos, reservados e silenciosos... aff!
aceito que qualquer pessoa mantenha o desejo de reproduzir às famílias nucleares heterossexuais, mas não sigo por esta trilha. não farei de minha vida um simulacro de heterossexualismo, com seus tabus e crenças, seus dogmas e suas limitações. eu quero o novo!
casório
o estado reconhece o casamento heterossexual, alguns estados reconhecem o casamento homossexual. mas casamentos sempre foram e para sempre serão mecanísmos de controle.
os casados tem também, privilégios que o estado lhes reserva. se sou casado posso dividir bens, impostos, contas, dívidas, coisas, benefícios salariais e até adotar crianças com maior facilidade. aos solteiros, resta o desamparo do estado! quem mandou não casar?
aliás, este é o maior argumento dos movimentos homossexuais: casar para ter direitos iguais! se os gays vivem juntos, mas não casam, ficam fadados a desguarnição do estado, a mesma sorte dos solteiros. é claro que por um lado, dirão os defensores do matrimônio, é justo que dois quando se unem, que ganhem um aparo legal para crescer em patrimônio, para terem filhos e estimular, desta forma a perpetuação da espécie. dirão que o matrimônio é sagrado, e os mais exaltados dirão que sem matrimônio não haverá sociedade.
à mim, nada significa o casório, além de um ritual grotesco para a celebração de uma porção de falsidades, tais como: fidelidade, amor eterno, companheirismo até a morte, etc...
fico entristecido e bastante raivoso, portanto ao ver gueis seguindo este caminho. não aprenderam com seus pais?

3.3.08

orgulho

a palavra orgulho carrega uma ambiguidade. ela pode ser considerada um excesso ou uma premissa. se for um excesso, está ligada a idéia de soberba, megalomania, impaciência, intolerância, teimosia. se for uma premissa, está ligada a idéia de identidade, consagração, aprovação, exposição. fala-se muito em orgulho guei! a parada de são paulo adota a idéia de "dia do orgulho" e eu entendo que é um ato político, que a necessidade de celebração da expressão sexual de todos nós. mas tem algo nessa palavra, orgulho, que me deixa desconfortável. eu não sei se orgulho define com clareza o que penso a respeito da minha expressão sexual. não sei se é orgulho que sinto quando manifesto em público a minha vontade e o meu afeto. acho que liberdade caracteriza mais o que sinto. e como toda a liberdade, as vezes ela assusta! lembro que há dois anos atráz eu estava na parada de curitiba, que é bem organizada e com um conteúdo político bem bacana. lá, fiquei com um menino, que em meio aos beijos e abraços apresentou-me sua família! pai, mãe, irmão, cunhado, sobrinho e até a avó! wow! que choque!!! embora hoje eu perceba o quanto legal foi aquele momento, o quanto verdadeiro e bom é o fato d'ele ter uma família aberta, participativa, envolvida, eu confesso! fiquei absolutamente sem graça naquela situação! por isso eu digo que não importa o tempo, nós, gueis e adversos, precisamos constantemente estar abertos a um processo de aprendizado. porque ninguém nunca nos disse ou nos educou a sermos o que somos! somos desbravadores de nossas vidas, sem recados passados ou clichês de quotidiano.